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terça-feira, 11 de dezembro de 2007

O Suicida

Ontem, caminhando sobre o viaduto da Borges, reparei ainda de longe num senhor de rosto gordo e vermelho que caminhava vagarosamente pela rua, ora olhando em frente, ora a avenida, em direção ao Centro.

Eu vinha rápido, em passos largos, como gente séria. Ao passar pelo senhor, este se virou e disse algo que não entendi bem. Ele, então, compreensivamente, se repetiu:

- Se eu me atirar daqui, será que eu morro?

Fiquei na fronteira entre o real e todo o resto, mas me adaptei ao meio, e lhe respondi:

- Provavelmente, senhor, mas acho que não deveria fazer isso.

- Eu vou tentar.

- Não faça isso, senhor. Para quê?

- Eu sou corno. Corno merece morrer.

- Capaz! Não vale a pena.

Ele só deu um singelo sorriso, e saiu.

Não consegui reparar, nem entender até agora, se foi aquilo um chiste ou uma pretensão real daquele senhor. Eu fiz minha parte. Mas lembro de ter sentido, na hora, muita pressa e vontade de sair dali.

Rápido. Como gente séria.

4 comentários:

Ju Bueno disse...

diego!!!!!!

isso foi verídico?
ou vc tinha usado alguma substância dessas q n passam no anti doping?
se foi verdade...credo!!!

bjo

D disse...

Foi verídico, claro! "Na fronteira entre o real e todo o resto".

Ju Bueno disse...

To chocada...

abafa o caso por enquanto..
mas depois me conta tudo em detalhes!!!

bjoca

Anônimo disse...

Como moro na Duque, próximo ao viaduto, já vi muita gente olhando para baixo com vontade de pular. Mas ainda não presenciei ninguém saltando, só tentativas frustradas.