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quarta-feira, 29 de julho de 2009

Você

você é uma fera, ela disse
sua enorme barriga branca
e seus pés cabeludos.
você jamais corta as unhas
e tem mãos gordas
como patas de um gato
seu nariz vermelho e brilhante
e os maiores bagos que
eu já vi.
você lança esperma como
uma baleia lança água pelo
buraco das costas.

fera, fera, fera,
ela me beijou,
o que você quer para o
café-da-manhã?




Charles Bukowski

domingo, 26 de julho de 2009

A HISTÓRIA DO ROCK N' ROLL - PARTE 3

[Parte 1]
[Parte 2]


Sexo, drogas e Rock N' Roll. Os Rolling Stones "chutaram o balde" da sociedade estabelecida e construíram com todas as letras seu lema maior. Os amigos de infância Mick Jagger e Keith Richards formaram o grupo de rock mais atuante e provocante da história. Contemporâneo dos Beatles, dividiam o topo das paradas de sucesso da época.

Não se trata de antigos bons moços da classe média, como os Beatles. Os Stones saíram do subúrbio de Londres. Apreciadores dos velhos rockeiros clássicos da música negra, resolveram formar uma banda que colocasse em prática novamente o velho espírito do blues e do rock n' roll da década de 50. A "música selvagem" dos stones, como afirmava o pai de Jagger, foi a propulsão para uma juventude que se libertou completamente de qualquer escrúpulo moralista que havia até então. A missão da banda, contudo, era provocar uma revolução apenas para si próprios. É o que se extrai das palavras de Jagger: "a força impulsionadora dos Stones era nos tornarmos famosos, pegar um monte de garotas e ganhar um monte de dinheiro, isso e a idéia de ter nossa música tocada da melhor forma que pudéssemos". A banda foi liderada por Brian Jones até metade da década de 1960. Jovem de extrema rebeldia e muita habilidade musical, foi afastado oficialmente da banda pelo uso excessivo de drogas em 1969, e acabou morrendo sob misteriosas circunstâncias na piscina de sua mansão poucos dias após seu afastamento.

Os Stones são um caso raro de uma banda que conseguiu sobreviver ao tempo e ao ego de seus integrantes. Sucesso de vendas no mundo inteiro, é uma das maiores bandas de rock n' roll de todos os tempos. Resgataram o espírito transgressor dos negros do rock clássico e do blues, o que fez da banda um expoente do rock também enquanto contra-cultura. Aliado com as transformações da década de 60, especialmente a libertação sexual, os integrantes da banda foram deixando de ser vistos como transgressores para se tornarem um símbolo do prazer imediato: Satisfaction! De vilões a heróis!

Em suma, os Stones estavam preocupados apenas consigo mesmos. Mas, o que um grupo de jovens pobres da periferia pensaria senão apenas em si próprios para sobreviver? É apenas Rock N' Roll.




Nesta mesma linhagem britânica, surge uma tempestade chama The Who. Talvez a banda mais completa do período, fizeram o rock mais agressivo da década de 1960. Com apresentações de uma força monumental, foram os grandes meninos maus daquele contexto. Paul Friedlander os descreve com precisão: "Por suas apresentações ao vivo, o Who sempre foi considerado um dos mais vibrantes e divertidos grupos da história do rock. Mesmo quando comparado com as apresentações de hard rock dos anos 70, com suas demonstrações de proezas atléticas, cargas explosivas e energia frenética, o Who se sai bem. Naquela época, os Beatles balançavam suas cabeças de um lado para outro e os Rolling Stones vendiam sexo e espetáculo". Embora o The Who fosse o mais vibrante, por outro lado, foi a primeira grande banda de rock a se preocupar com as questões filosóficas e sociais de seu tempo. Ignorando a tradição de letras superficialmente juvenis e sem muito apelo à realidade social dos grupos de até então, estes britânicos pensaram "sua geração" como nenhum outro rockeiro tinha feito. Remete-mo-nos à Paul novamente: "O incrível poder das apresentações ao vivo do Who ofuscava o material extraordinariamente reflexivo e musicalmente interessante que o guitarrista-compositor Pete Townshend compôs durante os vinte e cinco anos de existência da banda. Dos três principais grupos da invasão inglesa - os Beatles e os Rolling Stones sendo os outros dois - o Who enfrentava as questões políticas e filosóficas do momento. Para Townshend, um bom rock era aquele que refletia preocupações sociais importantes e servia como um poderoso veículo de ideias".



(E fico por aqui...)

terça-feira, 21 de julho de 2009

imagem: jornalplasticobolha.blogspot.com





Minhas idas

e vindas

não me definem,
não me rotulam,
não me deixam em paz.

Me alteram,
me atormentam,
me conduzem

de um lado

a outro



in
fi
ni
ta
men
te
.
.
.


Incansavelmente...



Enquanto sigo


em movimento no tempo,



mas parado










no espaço.

domingo, 19 de julho de 2009

Bandinha Di Dá Dó

Em tempo...

Deixem-me apresentar a todos a "Bandinha Di Dá Dó". Conheci estes caras no Festival Psicodália, que acontece todos os anos no período de carnaval, em São Martinho-SC. Foi surpreendente ver aqueles palhaços no palco implacando um Rock N' Roll misturado com ritmos diversos. Artistas de verdade. Necessário garimparmos a verdadeira música, que sempre está em efervescência por aí... Basta procurar!


A HISTÓRIA DO ROCK N' ROLL - PARTE 2

[Parte 1: clique aqui]

Na segunda metade da década de 1950 os negros ainda faziam do rhythm and blues, irmão mais velho do Rock N' Roll, a música popular dos jovens negros nas ruas de Nova York e outros grandes centros. Nenhum grupo musical de notório apelo comercial surgiu desse efervecente caldo cultural, porém as ruas foram tomadas por jovens idealistas o bastante para produzirem um som de grande autenticidade em busca do sucesso. Este "som das ruas" era então conhecido como "Doo-wop". Desapareceram na mesma medida em que o Rock foi "embranquecendo" neste período. Mesmo assim, teve um impacto importante na música produzida na década de 60.

Aqui vai um som de "Frankie Lymon & The Teenagers", exemplo desse contexto (a música começa por volta de 2' 20''):



O começo da década de 60, após a explosão do Rock clássico, era caracterizado por uma espécie de desilusão geral para os seguidores fiéis do estilo. O excesso de comercialização e a perda do espírito original da periferia fez com que o Rock fosse encarado apenas como um ritmo pop interessante para as vendas das grandes gravadoras. Alan Betrock escreve a respeito: "Muitos seguidores da história do rock and roll acreditam que o verdadeiro espírito da música morreu no fim dos anos 50, e que os primeiros anos da década de 60 estavam repletos de uma massa mecanizada e sem cor, anunciada pela chegada dos "ídolos da juventude". Para os historiadores, este é um período de transição, uma espécie de calmaria antes da tempestade, como afirma Paul Friedlander.


Enquanto o Rock clássico dava seus últimos suspiros nos Estados Unidos, a Inglaterra preparava o terreno para um grupo de jovens ingleses, que dominariam o planeta: os Beatles. Foi a primeira mega-banda de Rock N' Roll, os ícones de uma nova geração, que tomariam não apenas as rádios inglesas, mas também as rádios norte-americanas e de vários países. O Rock ampliava suas fronteiras de forma inigualável até então, fazendo desse grupo o símbolo de toda uma nova era musical. Resgatando a temática juvenil do Rock clássico e liderados por John Lenon (jovem rebelde que via em Elvis Presley um herói), fizeram de sua música um grito que ecoava por todos os cantos. Estava reaberto o caminho. Podemos dizer que as grandes transformações da década de 60 no mundo, especialmente a respeito da libertação juvenil, teve uma boa influência dos Beatles. Apesar da aparente inocência da primeira fase do grupo, que vai de 1963 até 1965, suas letras convidativas a "curtir" o que a vida oferece de melhor não era o que uma sociedade conservadora e estável desejava. Exemplo desse primeiro período Beatlemaníaco encontramos na música "I Saw Standing There I":


A segunda fase dos Beatles podemos caracterizar pela fase mais politizada e psicodélica, que vai de 1966 até o último lançamento da banda em 1970. O contato com as drogas e os crescentes distúrbios sociais da década provocaram o amadurecimento da banda. A relação com outras personalidades ascendentes no mundo do Rock também influenciaram essa mudança, como foi o caso da amizade do grupo com Bob Dylan. Segundo reza a lenda, foi Dylan quem "apresentou" aos Beatles os poderes da maconha e das drogas alucinógenas. A busca por uma transcendência espiritual também é marca da banda nesse período, especialmente após incursão pela Índia e a recepção dessa cultura oriental.

Difícil escolher uma música como referência dessa segunda fase. Escolhi "Don't Let Me Down" de forma aleatória, mero exemplo desse Beatles "crescido":


(Continuo no próximo Domingo)

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A HISTÓRIA DO ROCK N' ROLL - PARTE 1

Entendendo ter sido pouca a minha contribuição a respeito do Dia Mundial do Rock, no última dia 13 de Julho, vou me intrometer a postar no dia que não me cabe, mas é por uma bela causa.

Dar-me-ei a liberdade de fazer uma postagem um pouco grande para retratar nossa arte maior em suas sucessivas gerações. Obviamente não será uma incursão detalhada e criteriosa, mas apenas um embarque numa viagem do tempo para sentir o gosto de cada período do rock.


As raízes do Rock estão intimamente ligadas à música negra. No final da década de 40, com o término da segunda grande guerra, um ritmo novo é chegado às radios, o "rhythm and blues". Derivado direto do blues, o ritmo marca um novo gênero musical, que seria o principal predecessor do Rock N' Roll. O folk e o country também influenciaram rockeiros que vieram a ser ícones da música popular norte-americana posteriormente, como Bob Dylan e Neil Young.

Aqui vai um som do Muddy Waters, um dos expoentes desse novo blues da década de 40. Acompenhe o relato de Paul Friedlander sobre o músico: "o falecido Muddy Waters, um apanhador de algodão e cantor de blues rural do Mississipi, formou uma importante banda de blues em Chicago no final dos anos 40. Bateria, baixo, uma guitarra rítmica e um piano formavam a seção rítmica básica, ou o "núcleo" da banda. Uma guitarra base e harmônica eram acrescentadas como instrumentos solo. Essa formação básica tornou-se modelo para as bandas de rock moderno e, mais tarde, para os roqueiros clássicos que adaptaram este formato de conjunto (ou grupo)".




A década de 1950, a seguir, é a década dos rockeiros clássicos, os que escancaram as portas das gravadoras e todo o cenário músical norte-americano com um novo ritmo, o Rock N' Roll. Uma música voltada para a juventude. É o que relatam Steve Chapple e Reebe Garafalo: "Nos anos 50, o Rock N' Roll atacou, quase diretamente, muitas das instituições que ajudavam a controlar os jovens... Durante os anos de autoritarismo silencioso do governo Eisenhower, a maneira sugestiva de se comportar no palco, os vocais guturais e as letras de duplo sentido do Rock N' Roll foram vistos como ataque à decência sexual e à família estável. O Rock N' Roll encorajou a separação da juventude do controle familiar". Ou ainda o que dizem Don Hibbard e Carol Kaleialoha: "Combine um formato de canção popular tradicional européia com um ritmo irregular afro-americano, uma ejaculação vocal e/ou instrumental para quebrar ou distorcer a melodia, e, em 1955, você tem um som novo".

Aqui vão dois sons que marcam essa época. Chuck Berry e Little Richard:




Logo a seguir, no final dessa mesma década de 1950, surge uma segunda geração, que deixou o Rock N' Roll um ritmo mais comercial. Os negros perdiam espaço para a chegada de Elvis Presley e os músicos dessa geração. Foi essa "embranquecida" no Rock N' Roll que tirou um pouco da visão rebelde do novo ritmo na convervadora sociedade norte-americana. E foi assim que o Rock explodiu em vendas em todo os Estados Unidos, consagrando de vez o novo ritmo. Façamos referência a dois nomes importantes desse período: o já referido Elvis Presley e Jerry Lee Lewis.



(continuo Domingo)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

DIA MUNDIAL DO ROCK!

Saudações a todos os vagabundos apreciadores do bom e velho Rock N' Roll, afinal comemoramos hoje seu Dia Mundial. Mais do que um estilo musical, é um modo de ver o mundo e viver a vida. Quero deixar uma recomendação de leitura para este dia tão nobre. É o livro chamado "Rock N' Roll: Uma História Social", de Paul Friedlander. Descreve toda a história de nossa arte maior, nossos heróis, e como cada personagem histórico se insere dentro de seu contexto social de época.

Mas, melhor do que falar sobre o Rock, é ouvi-lo. Aumenta o volume:


Cuide bem da sua saúde!

Além de matar a sede e relaxar, a cerveja ajuda na recuperação após a prática esportiva. A afirmação é do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) da Espanha, que apresentou estudo defendendo o consumo moderado da cerveja para os atletas como fonte de hidratação diária.

O estudo "Idoneidade da cerveja na recuperação do metabolismo dos desportistas", divulgado nesta terça-feira, foi baseado em relatórios e pesquisas de especialistas em medicina, fisiologia e nutrição da Universidade de Granada, com o aval do CSIC. Segundo o documento, os componentes da cerveja ajudam na recuperação do metabolismo hormonal e imunológico depois da prática desportiva de alto rendimento, e também favorece a prevenção de dores musculares.

A tese é defendida pelo cardiologista e ex-jogador de basquete da seleção espanhola Juan Antonio Corbalán, medalha de prata na Olimpíada de Los Angeles/1984. O estudo foi realizado em dois anos e recomenda o consumo de três tulipas de 200 ml de cerveja (ou de 20g a 24g de álcool) para homens e duas para mulheres (10g a 12g) por dia - volume que os autores do relatório definem como moderado. De acordo com os pesquisadores, a cerveja contém 95% de água e é a bebida alcoólica com menor gradação (5% em média). Uma tulipa de 200 ml possui 90 calorias, o mesmo que um copo de suco de laranja.

Para chegar a essa conclusão de consumo na dieta de esportistas, os cientistas fizeram pesquisa com 16 atletas universitários com idades entre 20 e 30 anos, em boa forma física e que alcançavam uma velocidade aeróbica máxima (VAM) de 14 km/h. Além disso, todos deveriam ser consumidores habituais e moderados de cerveja, manter uma dieta mediterrânea, não ter hábitos tóxicos nem antecedentes familiares de alcoolismo.

Os testes foram feitos durante três semanas em baterias diárias de uma hora de corrida, sob calor de 35º, 60% de umidade relativa e duas horas de pausa para hidratação. Nesse intervalo os atletas bebiam água ou cerveja (máximo de 660 ml), alternando as bebidas em cada pausa de hidratação para comparar resultados.

A conclusão foi de que a cerveja permitia recuperar as perdas hídricas e as alterações do metabolismo tão bem quanto a água. Os cientistas usaram parâmetros indicativos como: composição corporal, inflamatórios, imunológicos, endócrino-metabólicos e psico-cognitivos (coordenação, atenção, campo visual, tempos de percepção-reação, entre outros) para comprovar que o álcool não afetava a atividade de hidratação.

O estudo destaca ainda que a cerveja contém substratos metabólicos que substituem algumas substâncias perdidas durante o exercício físico como aminoácidos, minerais, vitaminas e antioxidantes.

Fonte: aqui

terça-feira, 7 de julho de 2009

Convite Triste


Meu amigo, vamos sofrer,
vamos beber, vamos ler jornal,
vamos dizer que a vida é ruim,
meu amigo, vamos sofrer.
Vamos fazer um poema
ou qualquer outra besteira,
Fitar por exemplo uma estrela
por muito tempo, muito tempo
e dar um suspiro fundo
ou qualquer outra besteira.
Vamos beber uísque, vamos
beber cerveja preta e barata,
beber, gritar e morrer,
ou, quem sabe? beber, apenas.
Vamos xingar a mulher,
que está envenenando a vida
com seus olhos e suas mãos
e o corpo que tem dois seios
e tem um embigo também.
Meu amigo, vamos xingar
o corpo e tudo que é dele
e que nunca será alma.
Meu amigo, vamos cantar,
vamos chorar de mansinho
e ouvir muita vitrola,
depois embriagados vamos
beber mais outros seqüestros
(o olhar obsceno e a mão idiota)
depois vomitar e cair
e dormir.


Carlos Drummond de Andrade