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terça-feira, 21 de abril de 2009

Do Nascimento à Morte do Rock'n Roll



Na última sexta-feira, assisti no cinema Honeydripper - Do Blues ao Rock, um filme que considero importante para a formação de um Vagabundo Iluminado.

O enredo não tem nada de mais: conta a história do dono de um bar, chamado Tyrone (Danny Glover), que, passando por dificuldades financeiras, arranja a apresentação de um guitarrista famoso da região, a fim de atrair clientela. Como o artista não aparece para o espetáculo, a chance é dada a um outro músico, Sonny Blake (Gary Clark Jr.), forasteiro na cidade.

O importante da história é o contexto em que ela acontece: O filme se passa nos EUA dos anos 1950, época relevante para a formação do país, em pleno surgimento da guitarra elétrica. É retratado, por exemplo, o preconceito que existia em torno do novo instrumento - o que é, inclusive, demonstrado pelo dono do bar, em sua aversão em permitir que este fosse tocado em seu estabelecimento. Daí, então, o subtítulo "Do Blues ao Rock", pois mostra, na linguagem cinematográfica, obviamente, o surgimento do rock’n roll, um dos pilares da Vagabundagem Iluminada.

Outro ponto alto do contexto do filme é vermos na tela as imagens que encontramos nas obras de Kerouac, particularmente as do livro On The Road: as pequenas cidades de New Orleans, os viajantes vagando pelo sul do país em trens de carga, as plantações de algodão, a negritude, e sua musicalidade em todas as partes. Frases geniais também aparecem, como quando Sonny pergunta ao misterioso músico cego da cidade acerca de seu violão, e este lhe responde: “esse foi a segundo a ser fabricado; o primeiro ficou com o diabo”.

Fica a dica.

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Ainda sobre a história do rock, já que falamos de seu nascimento, vale registrar também a sua “morte”. Isso teria ocorrido em 3 de fevereiro de 1959, quando um acidente aéreo matou os norte-americanos Buddy Holly, Ritchie Valens, e J. P. Richardson, três personalidades consideradas alguns dos pais do rock’n roll. Esse fato é apontado como um dos mais tristes da história da música, e dito “o dia em que a música morreu”. Esse termo foi eternizado pela canção de Don McLean, titulada Miss American Pie. Abaixo, segue a canção na voz de uma das mulheres mais importantes do século XX, Madonna, seguida pela tradução da letra para o português, obtida no site Vagalume:


Há muito, muito tempo atrás
Eu ainda consigo me lembrar
Como aquela música me fazia sorrir
E sabia que se eu tivesse minha chance
Eu poderia fazer aquelas pessoas dançarem
E, talvez, elas seriam felizes por um momento
Mas fevereiro me fez tremer
Com cada jornal que eu entreguei
Más notícias na porta
Eu não podia dar mais nenhum passo
Eu não consigo lembrar se eu chorei
Quando eu li sobre a viúva dele
Mas algo me comoveu profundamente
O dia que a música morreu

Refrão:
Então, tchau tchau, Miss American Pie
Dirigi meu Chevy até a barragem
Mas a barragem estava seca
E eles, bons garotos, estavam bebendo uísque e rye
Cantando "Este será o dia que eu morrerei"
"Este será o dia que eu morrerei"

Você escreveu o livro do amor?
E você tem fé em Deus?
Se a Bíblia te dizer que é assim,
Você acredita em Rock n' Roll?
A música pode salvar sua alma mortal?
E você pode me ensinar a dançar bem devagar?
Bem, eu sei que você está apaixonada por ele
Pois eu vi vocês dançando no ginásio
Vocês dois tiraram os sapatos
Cara, eu entendo o "rhythm and blues"
Eu era um adolescente solitário e desajeitado
Com um cravo rosa e uma caminhonete,
Mas eu sabia que estava sem sorte
No dia em que a música morreu

Eu comecei a cantar

Refrão

Agora por 10 anos nós estivemos sozinhos
E musgo cresce numa pedra rolante
Mas não era assim antes
Quando o bobo da corte cantou para o rei e a rainha
Com um casaco que ele pegou emprestado do James Dean
E uma voz que veio de nós
Oh, e enquanto o rei estava olhando para baixo
O bobo da corte roubou sua coroa de espinhos
A corte judicial foi adiada
Nenhum veredicto foi retornado
E enquanto Lenin lia um livro de Marx
O quarteto praticava no parque
E nós cantamos lamentações no escuro
O dia que a música morreu

Nós estávamos cantando

Refrão

Helter Skelter num verão abafado
Os pássaros voaram com abrigo
Oito milhas de altura e caindo rápido
Pousou na grama
Os jogadores tentaram um passe para frente
Com o bobo da corte no campo
Agora o ar do primeiro tempo foi doce perfume
Enquanto os sargentos tocavam uma marchinha
Todos nós levantamos para dançar
Oh, mas nós nunca tivemos chance
Porque os jogadores tentaram tomar o campo
A banda da marchinha se recusou a desistir
Você se lembra o que foi revelado
No dia que a música morreu?

Nós começamos a cantar

Refrão

Oh, e lá estávamos nós num único lugar
Uma geração "Perdida no Espaço"
Sem tempo para recomeçar
Então, vamos, Jack, seja ágil, Jack, seja rápido
Jack Flash sentou num castiçal
Porque o fogo é o único amigo do diabo
Oh, e enquanto eu o via no palco
Minhas mão estavam cerradas em punhos de raiva
Nenhum anjo nascido no inferno
Poderia quebrar o feitiço do Satanás
E enquanto as chamas subiam pela noite
Para iluminar o ritual de sacrifício
Eu vi o Satanás rir com satisfação
No dia que a música morreu

Eu conheci uma garota que cantava blues
E eu pedi a ela umas boas notícias
Mas ela só deu um sorriso e foi embora
Eu fui à loja sagrada
Onde eu tinha escutado a música anos atrás
Mas o homem lá disse que a música não tocaria
E nas ruas as crianças gritavam
Os amantes choravam e os poetas sonhavam
Mas nenhuma palavra foi dita
Os sinos da igreja estavam todos quebrados
E os três homens que eu mais admirava
O Pai, o Filho e o Espírito Santo
Pegaram o último trem para o litoral
No dia em que a música morreu

E eles estavam cantando

Refrão

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