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domingo, 17 de maio de 2009

O Rei do "iê-iê-iê"

Wander não é cult, não é moderno.

Ontem tive a oportunidade de ver essa estranha figura chamada Wander Wildner. Seus sapatos brancos, sua calça de goleiro de futebol, sua camisa estilo Reginaldo Rossi, seus óculos vermelhos... Wander só leva uma coisa a sério: a obrigação de não levar nada a sério. Como ele mesmo diz, não vai ir ao dentista para agradar uma mulher. Que fiquem ali seus dentes tortos, suas letras despudoradas e sem compromisso com nada.

Wander é o brega, na mais alta concepção que se pode ter desta palavra. O verdadeiro brega, o brega de raiz, aquele que brota dos mais escondidos redutos populares. Ou quem sabe apenas uma molequice de guri da classe média, que nunca cresceu. Pouca importa a origem do artista, desde que seja um verdadeiro artista, aquele que reflete um sentimento sincero e necessário, embora muitos desprezem.

Wander foi abandonado. Sua garota esteve na Nicarágua lutando pela revolução. Talvez ela tenha morrido por lá, nunca se soube ao certo. Mas Wander está aqui, está vivo, está cantando. O que importaria os problemas da Nicarágua? Enquanto esteve sozinho, trancava-se no quarto fazendo "homenagens" para sua amada. Mesmo assim, não poderia ficar todo o tempo parado. Decidiu que precisava fazer alguma coisa. E então tomou as rádios do sul do Brasil e depois do país inteiro. Embora seja tão conhecido por aqui, ele não é do Brasil, muito menos gaúcho. Wander é mais um latino-americano, e, embora cante em português, sua língua cotidinada é o espanhol. Poucos realmente o conhecem, e pensam o contrário, porém ele não tem nacionalidade. É o On The Road por excelência, um grande Vagabundo Iluminado, embora viaje numa direção um tanto inusitada com sua breguice.

Wander é o mito que sobrevive. Mas, neste caso, além do mito, sobrevive o moleque Wander, o chutador de balde Wander, o adulto que não quer ser adulto. E o melhor, está entre nós, nos mesmos bares, nas mesmas mesas, tomando as mesmas cervejas.

Wander é a mentira mais real que possa existir. É a mentira que vale a pena. É a história inventada e contada em prosa e verso: constrói o mito e nos mostra o quanto a realidade é sem graça.

Um viva ao brega gauche e genial de Wander Wildner!


Um comentário:

Rodrigo disse...
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