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domingo, 19 de abril de 2009

Musas dos Vagabundos: Clarice Lispector

Como não preparei nada para postar hoje no Vagabundos, vou reproduzir, com alguns acréscimos, um post do meu blog particular, o "Coruja Lunática". Nos últimos dias estamos tendo uma discussão acirrada sobre quem deve fazer parte das musas dos Vagabundos Iluminados. Então, dou-me a liberdade de fazer uma homenagem a uma das minhas maiores musas, a linda Clarice Lispector.

Alguns trechos:

"Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja. Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja".

"E era bom.' Não entender ' era tão vasto que ultrapassava qualquer entender - entender era sempre limitado. Mas não entender não tinha fronteiras e levara ao infinito, ao Deus. Não era um não-entender como um simples de espírito. O bom era ter uma inteligência e não entender. Era uma benção estranha como a de ter loucura sem ser doida. Era um desinteresse manso em relação às coisas ditas do intelecto, uma doçura de estupidez."

"Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão....tranqüilidade e inconstância, pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono. Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer... Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca."

"Pergunto-te em que reino estiveste de noite. E a resposta é: estive no reino do que é livre, respirei a magna solidão do escuro e debrucei-me à beira da lua. Noite alta fazia tal silêncio. Igual ao silêncio de um objeto pousado em cima de uma mesa: silêncio asséptico de "a coisa". Também existe grande silêncio no som de uma flauta: esta desenrola lonjuras de espaços ocos de negro silêncio até o fim do tempo."


Aqui, entrevista da autora na década de 70, juntamente com um programa da TV Cultura dedicado a ela. Postado somente a parte 1, é preciso seguir a seqüência no "tubo":



Site oficial:
http://www.claricelispector.com.br

Obras da autora:
Releituras

5 comentários:

Anônimo disse...

"Viver é uma espécie de loucura que a morte faz. Vivam os mortos porque neles vivemos"

beijos kazinha

Rodrigo disse...

E o Diego, cadê???
Só porque ontem era aniversário dele, parece que decidiu fazer "feriado".
E o pior é que eu esqueci de cumprimentar ele ontem, então deixo registrado aqui meu pedido de desculpas e o feliz aniversário!

Abraxas disse...

Maravilhoso blog!!gostei demais!!parabéns!

Srta. Oliver disse...

Olá, gostaria de saber a qual livro pertence este trecho: "Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia [...]" ou se é de uma entrevista da autora.
Obrigada!!!

Selma Luongo disse...

Eu também tenho a mesma dúvida da Srta. Oliver, aí acima.
Por favor, me ajude, necessito saber de qual obra de Clarice Lispector, foi retirado este trecho: "...Não me prendo a nada que me defina... etc"
Muitíssimo obrigada.